'Santinhos' insistem em emporcalhar caminho e também a pôr em risco até a vida do eleitor antes do democrático exercício de limpeza pública nas urnas
As ruas e calçadas expuseram nestas eleições de outubro em Marília o quanto a classe política está comprometida com uma disputa limpa, econômica e ecologicamente sustentável: o pleito foi marcado, de novo, pela tradicional sujeira provocada pelo derrame desenfreado de 'santinhos'.
Não é de hoje que a prática é proibida. Trata-se de propaganda irregular, passível de multas de R$ 2 mil a R$ 8 mil em cada caso de infração, conforme consta no parágrafo primeiro do artigo 37 da Lei 9.504/97, a 'Lei das Eleições'. O que se vê, no entanto, é um insolente descumprimento da legislação.
Não bastasse sujar as vias públicas, os 'santinhos' ameaçam seriamente a integridade física dos eleitores antes, durante e até depois das eleições. Domingo (7), pelo menos duas mulheres foram socorridas após escorregarem neste lixo de propaganda eleitoral. Uma fraturou um braço e a outra chegou a perder a consciência.
Em 2012, a aposentada Luciana Lucas, foi vítima fatal deste tipo de imundície eleitoral. Ela morreu, aos 64 anos, em decorrência de complicações do tombo que levou quando já estava na calçada da escola estadual onde votaria nas eleições municipais daquele ano, no Núcleo Geisel, em Bauru (SP).
As chuvas que persistiram em Marília nos dias que se sucederam o 1º turno tornaram o passeio público ainda mais perigoso para os pedestres. Não ocorreu, no entanto, o registro de nenhuma notícia de que qualquer um dos 'santinhos', eleito ou não, tivesse se importado em limpar sua propaganda.
Aliás, não adianta o candidato alegar 'não saber' da propaganda irregular. Essa questão já está pacificada no Judiciário, no sentido de que há orientação prévia das campanhas para distribuição de qualquer material impresso. E não cabe culpar terceiros. Isso cola bem menos que papel molhado no chão.
Os eleitores voltam às urnas no fim de outubro para o 2º turno e, certamente, encontrarão um caminho tão inseguro quanto o do 1º, apesar da redução do número de candidatos em disputa para apenas quatro - dois para o governo do estado e outros dois para presidente.
Ao eleitor resta a dupla missão de equilibrar-se tanto para chegar quanto para votar. Em plena era digital, a impressão que se tem é que os 'santinhos' continuarão a impregnar, ainda que por algum tempo, quem não desiste do direito de higienizar os cargos públicos. A limpeza começa pelas urnas.
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