Católicos da Diocese de Marília caminham pela realidade da igreja peregrina na abertura de ano jubilar. Bispo exorta fiéis à prática da fé na família e na vida em primeira homilia marcada por informalidade em 11 anos de episcopado. Confira quais são os locais diocesanos para peregrinação em 2025
Debaixo das comportas de águas contidas em uma semana marcada por alerta severo de tempestades, fiéis de São Pedro peregrinaram e celebraram enxutos na abertura do Ano Jubilar da Igreja Católica em Marília.
Convidados de ponta a ponta da diocese – 268 quilômetros entre Garça (SP) e Panorama (SP) – dos 454.445 habitantes declarados católicos nas 37 cidades da jurisdição mariliense, segundo o Censo 2010, apareceram apenas oito mil testemunhas, conforme estimativa da própria igreja.
Ou seja, apenas 1,76% da pesquisa oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com 14 anos de defasagem. Bem abaixo da possibilidade de reunião de fiéis, ainda que em um domingo de fim de ano entre o Natal e o réveillon.
Rebanho insuficiente, aliás, para lotar a praça em frente à matriz de Santo Antonio, ainda que tivessem manifestado presença membros e grupos de quase todas as 66 paróquias, com maioria de comunidades locais. Nem todos os padres compareceram.
Neste domingo (29) da Sagrada Família, segundo liturgia católica, a Diocese de Marília reencontrou-se com sua realidade demográfica de filhos dispostos a caminhar como igreja em saída, peregrina, evangelizadora e menor, como tem pedido o Papa Francisco.
PELAS VIAS DA FÉ
A peregrinação começou nas rodovias para muitos que estiveram nas celebrações realizadas exclusivamente em Marília na manhã deste domingo (29), por determinação do bispo diocesano, dom Luiz Antonio Cipolini.
Ônibus, vans e veículos de passeio deixaram suas cidades ainda nas primeiras horas da madrugada para chegarem a tempo da primeira parte da abertura do Jubileu-2025. As caravanas foram acolhidas com café servido pela paróquia anfitriã.
Após uma breve recepção, os católicos saíram em peregrinação rumo à catedral São Bento, menos de um quilômetro a leste, no centro. À frente, a bíblia e a cruz de Cristo, carregadas por diáconos, acompanhados pelo bispo, padres e fieis.
Ao chegar na basílica, o povo se somou ao que já aguardava, sentado sob cadeiras protegidas por toldos, e acomodou-se no ‘largo’ da rua Sergipe, assentando-se no gramado público da Praça Maria Izabel.
A movimentação afugentou alguns moradores de rua acostumados com a tranquilidade das manhãs dominicais naquela área central e ao serviço católico de doação de alimentos, mantido durante a missa.
INFORMALIDADE EPISCOPAL
Anunciado nominalmente na entrada da celebração, dom Luiz atravessou ao meio o seu rebanho real. Ao chegar no palco-altar, posicionou-se à frente, com a cruz de Cristo nas mãos, recolhendo-se à sua condição de bispo.
Em sua homilia de quase meia hora, o bispo iniciou por agradecer a Deus pelo clima favorável – nublado, com temperatura agradável, após dias chuvosos em Marília. “Louvado seja Deus, não é gente?”, afirmou.
Pela primeira vez em 11 anos de sua ordenação episcopal, exercida desde o início na Diocese de Marília, dom Luiz Antonio Cipolini encaminhou sua exortação pela informalidade em uma celebração a céu aberto.
Chegou, inclusive, a arrancar algumas risadas – outro fato raro – ao dizer que um colega bispo estaria pedindo padres a ele pelo WhatsApp e ao sugerir que jovens não acordam cedo aos domingos. “Quem dorme não peca”, brincou.
Desse modo, apontou como “sinais de esperança” da Diocese de Marília o bispo emérito, dom Osvaldo Giuntini, os padres, os diáconos, os religiosos, os jovens, a pastoral carcerária e, por fim, a Jesus Cristo, aos quais pediu aplausos.
O bispo defendeu a peregrinação da família (“pai, mãe e filhos”) pela Educação – “A maior herança é a fé”. “A família não é problema, é a solução”, frisou, apontando para o exemplo da Sagrada Família.
PEREGRINAÇÕES
A caminhada dos católicos neste domingo (29) foi apenas a primeira das demais que serão realizadas pela Diocese de Marília no Jubileu-2025. Os fiéis poderão percorrer na fé em quatro lugares de peregrinação na região.
A começar pela catedral basílica de São Bento, em Marília, passando pelos santuários Sagrado Coração de Jesus, em Vera Cruz (SP); São José, em Osvaldo Cruz (SP); Nossa Senhora de Fátima, em Dracena (SP).
“A peregrinação não termina quando se alcança a meta do Santuário, mas quando se volta para casa e se retoma a vida de todos os dias”, frisou o bispo. “É voltar para nosso chão, viver a vida paroquial”, indicou.
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