DO LUTO AO PODER
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DO LUTO AO PODER

Atualizado: 29 de jun. de 2023

Da perda prematura do vereador Ivan Negão (PSB) à disputa pela cadeira vazia que pode reequilibrar as forças entre situação e oposição no plenário da Câmara Municipal de Marília. Único negro da atual legislatura, eleito majoritariamente por votos da periferia, sinaliza espaço no plenário a futuras representatividades populares

Sob lágrimas, aplausos e chuva fina, desceu à sepultura no final da tarde desta quinta-feira (5) o corpo do vereador Ivan Luiz do Nascimento, o Ivan Negão (PSB), morto aos 42 anos, vítima de um infarto fulminante, ocorrido na primeira hora da madrugada.

O breve velório de apenas três horas e meia ainda ocorria, acompanhado por centenas de pessoas - familiares, amigos e colegas do Legislativo –, e sua cadeira inesperadamente vazia já percorria as conversas nas rodas políticas por ali.

Não por acaso: a vaga aberta no plenário pode reequilibrar as forças entre a situação que comandava a casa até a eleição do oposicionista Eduardo Nascimento (PSDB) para a presidência, com apoio da maioria simples.

SUPLENTES

O primeiro suplente do PSB é, segundo o resultado das Eleições-2020, o atual secretário municipal de Saúde, ex-deputado federal e ex-vereador, Sérgio Antonio Nechar, diplomado pela Justiça Eleitoral.

Ao lado do prefeito: se for para Câmara, Sergio Nechar vai compor a base governista de Daniel Alonso

Embora tenha se candidatado por um partido de oposição ao governo do prefeito reeleito Daniel Alonso (PL), Nechar engrossaria o quadro de governistas ao lado de Junior Moraes (PL), Professora Daniela (PL), Evandro Galete (PSDB), Marcos Custódio (Podemos) e Marcos Rezende (PSD).

No entanto, Nechar não estaria “filiado a partido político”, conforme consta em certidão emitida às 17h15 desta quinta-feira (5), pelo Tribunal Superior Eleitoral. Segundo o documento, ele estaria desfiliado desde 22 de fevereiro de 2022.

A data é a mesma de filiação em suposto registro que teria sido enviado pelo secretário em entrevista ao ‘Jornal do Povo’. Procurado pelo blog, Nechar diz “existir uma oposição com medo da minha presença”. “Estão procurando pelo em ovo para evitar minha posse”, afirmou.

A Câmara Municipal, por sua vez, informou ao blog por sua diretoria que encaminhará ofício ao juiz eleitoral para solicitar o nome do suplente. Caso Nechar não possa assumir, o substituto de Ivan Negão seria o segundo suplente, Fábio Protetor (PSB).

Na espera: segundo suplente, Fabio Protetor pode assumir cadeira de Ivan Negão | Reprodução/Facebook

Neste caso, haveria uma reposição ao sexteto de vereadores que elegeu a ampla maioria dos cargos da Mesa Diretora para o biênio 2023-2024, composto agora por quatro nomes além do de Eduardo Nascimento (PSDB).

São eles os vice-presidentes Rogerinho (PP), primeiro; e agente federal Júnior Féfin (União Brasil), segundo; e os secretários Elio Ajeka (PP), primeiro e Vania Ramos (Republicanos), segunda. Negão era o terceiro. Professora Daniela é a quarta.

Com o apoio ainda de Danilo da Saúde (PSB), que se absteve na votação da Mesa Diretora, o pendulo das votações seria o decano Luiz Eduardo Nardi (Podemos), ora pró-governo, ora pró-oposição. Nardi passou por recente procedimento cardíaco.

REPRESENTATIVIDADE

Morto nesta quinta (5), Ivan Negão (PSB) partiu na metade de seu primeiro mandato de vereador. Décimo-primeiro na lista dos eleitos, foi o mais votado de sua legenda, com 1.606 votos – dois a mais que o segundo, Danilo da Saúde.

Com a morte de Ivan Negão e a extinção de seu mandato, as propostas serão arquivadas.

Em sua breve passagem pelo Legislativo, Negão foi relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que apurou supostos desvios do Governo Alonso no uso dos recursos destinados ao enfrentamento da Covid-19.

Único negro eleito na atual legislatura, Ivan Negão teve ampla votação na periferia da zona norte de Marília. A oportunidade da eleição de um representante abriu caminho para futuras lideranças da periferia da cidade.

Antes de Negão, o último vereador a falecer no exercício do mandato havia sido Sydney Gobetti de Souza, em 2012, aos 58 anos, vítima de um câncer no intestino. Ainda naquele ano o prédio do Legislativo recebeu seu nome.

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