GUIA DIOCESANO 2022
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GUIA DIOCESANO 2022

Atualizado: 2 de fev. de 2023

Presbitério diminui apesar de reforço histórico de diáconos permanentes na Igreja Católica sob jurisdição do bispado de Marília. ‘Novo clero’ mantém perfil de meia-idade e concentração na região da Cúria. Média de padres por habitantes na diocese é maior que de estatística oficial da CNBB. Minoria de sacerdotes sozinhos contrasta com rotina até triplicada de gestão paroquial. Após baixas em recesso de pandemia, seminário retoma formação dois anos após últimas ordenações

Parte da capa do Guia Diocesano-2022 de Marília: documento é a estatística oficial da Igreja Católica na região

Menos de três meses após a histórica ordenação de 32 diáconos permanentes, o ‘novo clero’ da Diocese de Marília iniciou seu ano jubilar de 70 anos, a ser festejado em 16 de fevereiro, com menos padres que no último ano de pandemia.

A redução do presbitério da Igreja Católica em sua jurisdição regional é apenas um dos diferentes dados extraídos do Guia Diocesano 2022 a que o blog teve acesso pelo Centro Diocesano de Pastoral (CDP).

A análise comparativa de informações sobre o clero e paróquias disposta na versão de 2021 e ainda o cruzamento de dados oficiais da própria igreja com os do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trouxeram outras respostas.

Tem gente nova no clero: presbitério de Marília ganhou reforço de 32 diáconos. Foto: Diocese | Pascom

Padres e diáconos ouvidos pelo blog contribuíram para esclarecimentos e partilharam experiências da rotina religiosa – diversas em suas realidades aos primeiros e inédita para os últimos, recém agregados ao corpo eclesiástico.


MENOS PADRES

Enquanto soma diáconos, a Diocese de Marília vive uma ligeira subtração do número de padres. Segundo o Guia Diocesano 2022, o presbitério conta agora com 91 sacerdotes – quatro a menos que em 2021.

À primeira vista, as baixas são referentes aos três falecidos – Gabriel Fortier (1921-2021), Pio Milpacher (1923-2021) e Veríssimo Mânfio (1932-2021) – este último, única vítima fatal da Covid-19 no presbitério local.

Perda para Covid-19: Padre Veríssimo Mânfrio é única baixa provocada pela doença na Diocese de Marília
O outro é o padre Carlos Roberto dos Santos, excluído da listagem por ter se mudado para fora da área de jurisdição da diocese. Ele pediu um ‘ano de descanso’, a exemplo do cônego José Carlos Dias Tóffoli, contado no presbitério por ter permanecido em Marília.

O Guia-2022 lista outros oito padres não residentes em Marília – e, portanto, não somados à lista oficial do presbitério. Do mesmo modo, cita mais dez vinculados a outras dioceses que atuam na cidade-sede da Cúria local.

Há ainda o vai-e-vem de religiosos ao longo do ano. Segundo o Guia-2022, a diocese começou 2022 com 23 – um a mais que em 2021. O número varia a qualquer tempo por força das demandas próprias das ordens e congregações.

Na prática, dos 91 padres listados pela Diocese de Marilia apenas 84 estão vinculados às 65 paróquias – média de 1,29. São 68 diocesanos, além dos 23 religiosos, distribuídos em 37 cidades da área jurisdicional.

MAIS DIÁCONOS

Desde 1992, no entanto, o clero da Diocese de Marília não está restrito aos presbíteros. Até o começo de novembro de 2021, Cecílio Davi era contado como único diácono permanente. Ordenado presbítero, em dezembro, mudou de ‘status’.

Em contrapartida, a ordenação de outros 32 diáconos permanentes inflou a soma do clero local de 96 para 123 membros – 28,13% a mais – a considerar a primeira turma da Escola Diaconal São Lourenço. Instituída em março de 2015, a escola atraiu 72 interessados. Ou seja: menos da metade se formou.

Éramos 72: menos da metade dos candidatos ao diaconato permanente foi ordenada. Foto: Diocese de Marília
“Algumas foram desistências dos próprios candidatos, outras foram dispensas feitas pela Diretoria da Escola e houve dois falecimentos por causa da pandemia”, afirmou ao blog o padre coordenador, Wagner Antônio Montoz.

Os diáconos comungam de praticamente todos os ofícios dos sacerdotes, exceto a consagração eucarística, a unção dos enfermos e a confissão. Eles celebram casamentos e batizados, preparam o altar nas missas, benzem defuntos e auxiliam em atividades pastorais em geral.

É o que explica o empresário do setor de autopeças, Charles Cardoso Coelho, 61 anos, ordenado diácono permanente pelo santuário São Judas Tadeu, de Marília. Confira áudio abaixo:


PERFIL ECLESIÁSTICO COMUM

As semelhanças entre padres e os novos diáconos permanentes da Diocese de Marília vão além das atribuições religiosas comuns. Ambos compartilham do mesmo perfil etário e área de atuação na igreja.

A média atual de idade dos sacerdotes da diocese é de 50 anos – apenas cinco a menos que a dos diáconos. A variação de idade dos padres é dos 28 aos 88 anos, enquanto que a dos novos colegas de clero é dos 42 aos 68 anos.

O padre mais jovem é Vitor Hugo Pinheiro, um dos vigários da Paróquia São Pedro Apóstolo, de Garça (SP) e o mais idoso o monsenhor Nivaldo Resstel que apesar da idade avançada é visto com frequência na presidência de celebrações em Marília.

Mais de seis décadas no altar: aos 88 anos, Nivaldo Resstel continua na ativa. Foto: Pascom | Quintana (SP)

O diácono permanente mais jovem é Rodrigo Nascimento Ribeiro, da Paróquia Santuário Nossa Senhora de Fátima, de Dracena (SP) e o mais idoso Osvaldo José Mendes, da Paróquia São Joao Batista, de Marília.

Apenas 21 das 65 paróquias da Diocese de Marilia contam com diáconos atuantes nas próprias comunidades a que pertencem. A maior concentração se dá na ‘região um’, na qual está a sede episcopal, a exemplo da distribuição atual do presbitério.

Dezenove (42,85%) dos diáconos atuam próximo da Cúria. Outros sete (23,80%) na ‘região dois’ e seis (25%), na ‘três’. Dos 84 padres vinculados às paróquias, 40 (47,61%) estão na ‘um’, 24 (28,57%) na ‘dois’ e 20 na ‘três’ (23,80%).



CONTRASTES PAROQUIAIS

O reforço do diaconato em menos da metade das paróquias, ao menos por enquanto, resolve pouco da condição solitária que dezenas de padres ainda enfrentam na Diocese de Marília com menor ou maior grau de dificuldade.

Entre párocos e administradores paroquiais, 32 ainda não dispõem do apoio de vigários ou sequer de diáconos. Esta é a realidade de 11 (34,37%) na ‘região um’, 13 (40,62%) na ‘2’ e de oito (25%) da ‘três’.

Beneficiado com a ordenação de dois diáconos permanentes em sua comunidade na zona oeste de Marília, o pároco de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, José Ferreira Domingos, acaba de deixar a ‘estatística dos solitários’.

Fora da lista dos 'solitários': Pe. José Ferreira Domingos agora conta com o apoio de dois diáconos na paróquia
“A missão é sempre um desafio. O tempo atual, sobretudo nas cidades maiores, com a explosão demográfica, exige sempre mais atenção para com a evangelização. Nós vamos fazendo aquilo que estiver ao nosso alcance. Mas vale a pena”, afirmou Domingos, ao blog.

Há ainda dez padres que precisam cuidar de mais de uma comunidade simultaneamente. O principal exemplo é o do padre Rogério de Lima Mendes, pároco de três paróquias em cidades diferentes, todas da ‘região dois’.

Mendes pastoreia o Santuário José, em Osvaldo Cruz (SP); São João Batista, em Salmourão (SP) e São Benedito, em Sagres (SP). Passionista, ele conta com apoio de outros três padres e três diáconos para as celebrações em três matrizes e 22 capelas – além de todos os demais compromissos paroquiais.

Pode pedir música?: Pe. Rogério de Lima Mendes é pároco de três comunidades vizinhas ao mesmo tempo

Em Salmourão (SP), o braço direito do pároco é o diácono Paulo Sérgio Cordeiro. “Sempre há um padre aqui. Há um revezamento”, disse. “Da minha parte, estou auxiliando. É algo novo, que a comunidade está entendendo gradativamente”.

Servidor público municipal há 26 anos, Cordeiro divide sua rotina como secretário administrativo da Câmara Municipal e os atendimentos na Paróquia São João Batista, onde até já celebrou casamento. "O trabalho do diácono é o serviço. Abracei esse ministério por amor".

Diácono em ação matrimonial: Paulo Cordeiro é o 'braço direito' de padres passionistas em Salmourão (SP)

Pelo menos nove padres, segundo Guia-2022, precisam conciliar dupla rotina paroquial. Há situações inusitadas como a do padre Edson de Oliveira Lima, pároco das paróquias Nossa Senhora Aparecida de Quintana (SP) e Paulópolis, distrito de Pompeia (SP).

Quando chega o 12 de outubro, feriado nacional da Padroeira do Brasil, ele precisa se desdobrar para atender as celebrações de ambas as comunidades vizinhas apenas sete quilômetros uma da outra.

Agenda dividida: Pe. Edson celebra Dia da Padroeira na comunidade de Paulópolis. Foto: Facebook | Paróquia
“Na parte celebrativa sempre temos dividido os trabalhos, mas na administrativa e na pastoral sou responsável de levar em dia a vida dessas duas paroquias. E apesar de parecer muito trabalho, a disciplina e a ajuda dos fiéis das pastorais e movimentos ajuda muito”, afirmou Lima.

PADRES X PÚBLICOS

A redução no número de padres na ‘linha de frente’ paroquial reajustou a quantidade média de população e fiéis alcançados pelas 65 paróquias. É o confronto estatístico entre a expectativa e a realidade.

As 37 cidades e os dois distritos dispostos no Guia-2022 somam 744.273 pessoas segundo a população estimada em 2021 pelo IBGE. Deste ponto de vista haveria um sacerdote para cada 8.860 habitantes.

Trata-se de uma quantidade ligeiramente maior que os 7.802 que se calculava no país segundo a pesquisa de 2018 do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (CERIS) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Há vagas nas estatísticas: frequência de fieis diminuiu ainda mais nas paróquias em tempos de pandemia

A média sofre relevante redução quando a referência da equação é a quantidade de fieis. A estimativa extraoficial é que a Diocese de Marília não concentre mais do que 450 mil declarados católicos – e tenha frequência bem menor em seus templos.

Assim, haveria a relação de um padre para cada 5,4 mil fiéis. Esta quantidade ainda é muito maior que a registrada nas igrejas nos últimos anos – cuja frequência encolheu ainda mais em decorrência da pandemia.

POUCAS VOCAÇÕES

Enquanto isso, a formação de padres na Diocese de Marília segue pela providência divina, literalmente. As últimas formações concluídas na batina são de dezembro de 2019: os padres Danilo Cordeiro Silva e Vitor Hugo Pinheiro.

Vocações pré-pandemia: duas últimas ordenações do presbitério datam de dezembro de 2019. Foto: Pascom

Em março de 2020, ainda no começo da deflagração da pandemia no país, os seminaristas foram liberados para que retornassem às suas famílias. As aulas de Filosofia e Teologia prosseguiram pela internet.

Os seminaristas retornariam ao Seminário Diocesano Rainha dos Apóstolos apenas em setembro de 2021. Mas, nem todos. Houve quem tenha preferido ficar pelo caminho da consagração ao sacerdócio.

Tempos de pandemia no seminário: ex-reitor, Pe. Wagner diz que baixas ocorreram "espontaneamente"
“As saídas que houve foram dentro de um processo normal de discernimento feito pelos seminaristas. Penso que a pandemia não motivou nenhuma desistência. Também não houve nenhuma dispensa”, afirmou o ex-reitor, padre Wagner Antônio Montoz.

O creative designer Rafael Capeloci, de Marília, foi um dos que decidiram interromper o caminho até o sacerdócio. A mudança de rumo foi comunicada em post divulgado em agosto de 2021 em sua conta pessoal no Instagram.

“Essa decisão foi tomada de forma muito feliz e sentindo-me realizado por poder viver tudo o que eu vivi dentro do seminário. Volto para casa com a mesma humildade que um dia eu saí”, escreveu o ex-seminarista e hoje namorado da Ana Laura.
Vida nova além do seminário: designer Rafael Capeloci e a namorada Ana Laura. Foto: Perfil | Instagram

Pelo menos 17 seminaristas ainda permaneciam em formação na Diocese de Marília para 2022. O blog tentou contato com a reitoria atual, por três dias, seja por telefone, WhatsApp e até pessoalmente. Ninguém deu retorno.

Do presbitério atual, há egressos de turmas das últimas seis décadas, a começar pelo primeiro, o monsenhor Nivaldo Resstel, 88 anos, ordenado em 1959 – apenas sete anos após a fundação da Diocese de Marília.


GUIA DIOCESANO 2022

Clique abaixo e tenha acesso completo ao 'anuário' da Diocese de Marília

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