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TRANSFERÊNCIA ‘OCULTA’

Diocese de Dourados (MS) anuncia nomeação de padre de Marília mantido em paróquia apesar de denúncias de fiéis. Cúria local mantém silêncio após publicação – sacerdote pede perdão em missa. Sagrada Família revive dilema de troca de padres antes de provisão de seis anos


De saída: padre Roger Hermínio deixará paróquia antes de tempo de provisão no ministério mais uma vez
De saída: padre Roger Hermínio deixará paróquia antes de tempo de provisão no ministério mais uma vez

Anunciada em outubro pela Cúria Diocesana de Marília, a circular anual de nomeações e transferências de padres apresentou mudanças nas sacristias de paróquias e capelas para 2026. Mas nem todas.

A última mudança, conhecida na quarta-feira (3), ocorreria quase dois meses depois, sem que a comunidade interessada – e todos os demais fiéis sob o báculo de dom Luiz Antonio Cipolini – soubessem pela própria Cúria.

A publicidade coube à Diocese de Dourados (MS), que anunciou a “acolhida de novo sacerdote” – a única para 2026 – do padre Roger Hermínio Zanotti Souza Rodrigues, atual pároco da Paróquia Sagrada Família de Marília.


Anúncio exclusivo: apenas a Diocese de Dourados (MS) divulgou transferência de padre diocesano de Marília
Anúncio exclusivo: apenas a Diocese de Dourados (MS) divulgou transferência de padre diocesano de Marília

Segundo a publicação, o padre “manifestou o desejo de servir pastoralmente mais próximo de sua família”. A transferência, continua o texto, ocorreu “após diálogo entre as dioceses” de Dourados e Marília.

 

REFÚGIO SUL-MATOGROSSENSE

A publicação diocesana cita ainda o início da vocação do padre em seu Seminário Propedêutico Sagrado Coração de Jesus. Nascido em Garça (SP), ele viveu por lá da infância até o início da vida adulta.

Em suas redes sociais, o presbítero diz ter frequentado o Colégio Osvaldo Cruz, pioneiro no ensino ginasial de Dourados, em 1991 e colado grau em Matemática pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
Dourados (MS) é o destino de refúgio de padre Roger, que por lá viveu da infância até a fase adulta
Dourados (MS) é o destino de refúgio de padre Roger, que por lá viveu da infância até a fase adulta

Durante sua formação acadêmica, ele informa ainda ter lecionado na Escola Estadual Presidente Vargas, após breve experiência profissional como escriturário em um escritório de contabilidade e no Banco do Brasil entre 1989 e 1992.

Por seu histórico pessoal, estudantil e profissional, cuja carreira seria abreviada ainda nos anos 1990 pelo ingresso na formação sacerdotal, Roger retornará para um lugar de refúgio após uma controversa passagem pela Diocese de Marília.

 

‘REBAIXAMENTO’ DE CARGO

Ainda de acordo com a publicação da Diocese de Dourados (MS), o padre diocesano de Marília “assumirá a função de vigário da Paróquia Imaculada Conceição – Catedral” em que “realizará a experiência de quatro anos”.

Na prática, Roger deixará uma comunidade na qual é o pároco – principal cargo – para assumir o novo posto, ainda que de uma catedral – ou seja, abaixo da autoridade de um colega de batina.
Nova casa: Paróquia Imaculada Conceição, catedral de Dourados (SP), onde Roger será mais um vigário
Nova casa: Paróquia Imaculada Conceição, catedral de Dourados (SP), onde Roger será mais um vigário

Na nova paróquia, Roger terá de seguir as orientações do padre Rubens José dos Santos que, aos 50 anos e com 21 anos de sacerdócio, é mais jovem e tem menos tempo de ordenação em comparação a ele – 52 anos, 23 como padre.

Na condição de vigário, Roger responderá ao pároco a exemplo do futuro colega de cargo, o padre Felipe Capestana da Silva, um rapaz de apenas 27 anos que acabou de completar três anos de ordenação em novembro.

 

TRANSFERÊNCIA PÓS-RENÚNCIA

Na catedral, o novo ‘assistente’ ficará sob a observação direta do bispo diocesano, dom Henrique Aparecido Lima, um dos poucos negros entre cerca de 350 epíscopos católicos no Brasil, inclusos os eméritos.

O “diálogo entre as dioceses”, afirmado pela Diocese de Dourados, refere-se ao entendimento ocorrido entre os bispos de Marília e de lá, pelo qual foram expostas as particularidades sobre o padre enviado.

Roger irá para o Mato Grosso do Sul um ano e meio após enfrentar denúncias de discriminação contra uma criança autista e de assédio moral segundo testemunharam duas ex-funcionárias da Paróquia Sagrada Família de Marília.


Bispo de Marília, dom Luiz Antonio Cipolini, em cerimônia de posse do padre Roger na Sagrada Família
Bispo de Marília, dom Luiz Antonio Cipolini, em cerimônia de posse do padre Roger na Sagrada Família

Apesar dos relatos, divulgados por este blog, o bispo decidiu manter o padre na paróquia e arquivou o caso após divergência de posicionamento de seu Conselho de Presbíteros – que, por sua vez, já havia deliberado pela orientação ao padre para que renunciasse e deixasse a comunidade.

Nos “quatro anos de experiência” que Roger poderá permanecer em Dourados estão os três que ele ainda teria de cumprir na Sagrada Família. A saída antecipada dele de uma comunidade, aliás, não é novidade em seu currículo de padre.

Em 2015, ele não completou aquele ano, no Santuário Nossa Senhora da Glória, a pedido dos fiéis. Na época, o bispo o transferiu para a Paróquia Sagrada Família de Lucélia (SP), onde ficaria apenas três anos antes de seguir para estudos de Direito Canônico na Espanha.

Roger posicionou-se sobre sua transferência em missas celebradas neste domingo (7). Segundo fiéis presentes, o padre confirmou sua saída, pediu perdão “por erros cometidos” e comunicou sua última missa para 1º de janeiro de 2026.  Procurado pelo blog, o padre não respondeu, a exemplo da Cúria de Marília.

 

SUBSTITUIÇÃO INDEFINIDA

Considerando a data anunciada pelo padre que se vai, a Diocese de Marília terá menos de um mês para anunciar quem será o substituto. Fontes ouvidas pelo blog informaram que ainda não haveria um nome definido.

A escolha, disseram as mesmas pessoas ouvidas sob condição de anonimato, será definida exclusivamente pelo bispo. O Conselho de Presbíteros, que poderia ser consultado, já teria cessado o mandato dos membros atuais.

A realidade de uma ‘sacristia vacante’ tem sido recorrente na Paróquia Sagrada Família de Marília desde a despedida, em 2018, do padre Edson de Oliveira Lima. O atual pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Oriente (SP) foi o último a cumprir o tempo de provisão - seis anos, e até seis meses a mais - de permanência dos padres nas comunidades.


Dilema paroquial: Sagrada Família voltará a ter troca de padre antes de provisão de seis anos mais uma vez
Dilema paroquial: Sagrada Família voltará a ter troca de padre antes de provisão de seis anos mais uma vez

Naquele ano, a comunidade foi assumida pelo cônego José Carlos Dias Tóffoli, que sairia, em 1º de dezembro de 2021 para um “tempo de descanso” – que continua até hoje.

A paróquia seria assumida pelos padres da Congregação Jesus Sacerdote (CJS), do vizinho Santuário São Judas Tadeu durante todo o ano de 2022.  Nomeado pela circular de novembro, Roger tomaria posse em 23 de dezembro daquele ano.


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