O MONSENHOR DA HISTÓRIA
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O MONSENHOR DA HISTÓRIA

Atualizado: 31 de mar. de 2022

Do ingresso ao seminário ainda na infância à vida emérita do sacerdócio, a caminhada e os testemunhos do padre com mais tempo de Igreja Católica que a própria Diocese de Marília que acaba de completar 70 anos. Conheça a trajetória de Achiles Paceli de Oliveira Pinheiro


Há poucos dias, a Diocese de Marília celebrou os 70 anos de sua criação em sua Catedral Basílica Menor de São Bento, fundada quase 23 anos antes como primícias das outras 64 paróquias que seriam erguidas até os dias de hoje.

Ao mesmo tempo em que a nova diocese da alta paulista nascia pela bula ‘Ad Episcoporum Munus’ publicada pelo papa Pio XII (1876-1958) em 16 de fevereiro de 1952, um pré-adolescente já engatinhava seus primeiros passos no sacerdócio.

Desde então, padre e diocese caminharam juntos, entrelaçando trajetórias, conferindo ao primeiro o privilégio de testemunhar a linha cronológica desta Igreja Particular na região de Marília antes mesmo de seu início.
Palavras de decano: monsenhor Achiles em seu escritório na primeira das duas entrevistas concedidas ao blog

Em entrevista exclusiva e gravada em vídeo para este blog, Achiles Paceli de Oliveira Pinheiro, 83 anos completados no sábado (26) de carnaval, partilha suas reflexões sobre a vida devotada à Igreja, os bastidores das comunidades que gerou, sua visão sobre a relação entre fé e política e os tempos atuais sob o papado de Francisco.

As análises estão distribuídas ao longo deste post a critério cronológico. Algumas foram reunidas apenas ao final. As gravações aconteceram nas tardes dos dias 8 e 12 de janeiro na casa paroquial de Quintana (SP), com apoio técnico de Joshua Viudes.

CRONOLOGIA

Nascido em Brotas (SP), em 26 de fevereiro de 1939, Achiles – o trataremos aqui pelo primeiro nome, alternando-o pelo título de monsenhor – é o caçula de cinco irmãos de uma família tradicional católica.

Ainda aos 2, conheceria a cidade que seria o lugar para chamar de seu: Vera Cruz (SP), pacato município de pouco mais de dez mil habitantes vizinho a Marília, então uma cidade menina de uma dúzia de anos.

Achiles era ainda mais jovem. A 15 dias de completar seu 11º aniversário, decidiu que sua convivência com o altar deveria ir além de um prestativo coroinha. Ainda na tenra infância amadureceu sua decisão: ser um sacerdote.
Tenra vocação: aos 11 anos, Achiles (destaque) já enfileirava turma de 1950 do seminário menor de Lins (SP)

A inspiração ao ofício religioso estava ao seu lado em todas as missas: o próprio pároco, o monsenhor Florentino Santamaria (1900-1986), a quem conheceu na infância e cuidou na velhice, até os últimos dias.

Lado a lado no altar: monsenhor Santamaria e seu novo colega de batina, Achiles Pinheiro, em Vera Cruz (SP)

Sob a aprovação da família e o apoio da comunidade vera-cruzense, que perduraria por mais de uma década, o garotinho Achiles seguiu para o Seminário Menor Diocesano Nossa Senhora do Rosário de Lins (SP).

Por lá permaneceu de 1950 a 1955, quando deixou o seminário, como de costume, para um ano de discernimento sobre a continuidade da vocação. Em 1956 ele já estava de volta à sua formação presbiteral, no Seminário Menor Metropolitano “Imaculado Coração de Maria”, em São Roque (SP).

Superada a etapa propedêutica, Achiles seguiu para as formações acadêmicas de Filosofia no Seminário Central da Imaculada Conceição, em São Paulo (1957-1958 e ainda no Seminário Bom Jesus, de Aparecida-SP, em 1959) e de Teologia (1960-1963).

Entre seus colegas de turma dos últimos quatro anos de estudo estava um rapaz paulistano já conhecido à época por sua timidez: Osvaldo Giuntini, que viria ser seu bispo, em Marília, quase 25 anos depois.
Amizade jubilar: colegas de seminário, monsenhor Achiles e o atual bispo emérito dom Osvaldo Giuntini

No mesmo altar em que conheceu sua vocação sacerdotal, no Santuário Sagrado Coração de Jesus, em Vera Cruz (SP), Achiles foi ordenado sacerdote pelas mãos do primeiro bispo de Marília, dom Hugo Bressane de Araújo (1898-1988), em 21 de dezembro de 1963.

Dia de ordenação: Achiles recebe comunhão das mãos do 1º bispo de Marília, dom Hugo Bressane de Araújo

Após tantos anos de formação até chegar à batina, Achiles recebeu a incumbência, já em 1964, de acrescentar novos padres diocesanos entre tão poucos à época em meio a uma crise vocacional pós-conciliar.

Designado reitor do Seminário Diocesano São Pio X, Achiles acumulou ainda o cargo de chanceler do bispado até 1967 até conhecer sua primeira experiência como pároco iniciando uma comunidade praticamente do zero.
Batismo do ofício: Achiles em celebração em sua 1ª experiência como pároco em Dracena (SP)

Foi assim que encontrou a capela que viria a ser a Paróquia Nossa Senhora de Fátima de Dracena (SP). Permaneceu por lá até 1975 – ano lembrado pela forte geada que dizimou plantações no interior paulista.

Nos três anos seguintes, Achiles atuaria como vigário paroquial das Paróquias São Pedro Apóstolo e Nossa Senhora Auxiliadora, ambas em Tupã (SP). A diocese já estava sob o bispado de dom Frei Daniel Tomasella (1923-2003).

O segundo bispo da diocese de Marília escolheu Achiles para ser o coordenador diocesano de pastoral e coordenador do conselho presbiteral entre 1978 e 1982. Entre 1980 e 1983, o padre se fez professor de Filosofia.

Ainda em 1983, ele receberia pela 2ª vez a incumbência de instalar uma nova paróquia. Agora, teria como missão levantar uma comunidade religiosa entre três mil novas casas do bairro Nova Marília. Assim se fez a comunidade de Santa Rita de Cássia.

Todo trabalho desenvolvido até então à igreja foi reconhecido em 1990 pelo papa São João Paulo 2º (1920-2005), que lhe conferiu o título de monsenhor – contado entre poucos em toda história da Diocese de Marília.

Achiles repetiria o mesmo êxito, ainda naquela região da cidade-sede da diocese, na Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, na qual ficaria até 2003. Entre 1991 e 2002 foi vigário geral de seu novo bispo e amigo, dom Osvaldo Giuntini.

Proclamação da Palavra: Achiles em celebração na Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe nos anos 1990

O monsenhor cruzaria Marília de Sul a Norte para acudir a Paróquia Sagrada Família, então à beira de perder seu primeiro pároco, Próspero Vechione (1920-2005). Achiles chegou como administrador, passou a pároco e saiu como vigário, em 2013.

É de sua passagem por esta comunidade o seu emblemático discurso na Câmara Municipal de Marília por ocasião do título de ‘Cidadão Mariliense’. Diante de galerias lotadas, ele cobrou apoio do poder público às periferias.

De Marília, o monsenhor foi enviado por dom Luiz Antonio Cipolini – o 4º bispo da história da diocese –, ainda como vigário, para a Paróquia São Pedro Apóstolo, de Garça (SP), onde ficaria de 2014 a 2016.

Pupilo de Achiles na Guadalupe, Pe. Edson atuou com monsenhor na Sagrada Família (foto) e o acolheu em Quintana (SP)

Depois, solicitou ao bispo que pudesse servir a Fundação Santa Cruz, de Campos do Jordão (SP), ao que foi atendido. Permaneceu por lá até 2019, quando retornou à Diocese de Marília a convite do padre Edson de Oliveira Lima.


Desde então, o monsenhor reside na casa paroquial de Quintana (SP), onde colabora na celebração de missas na matriz. Quando não está no altar ou nas caminhadas de fim de tarde, ele se mantém conectado em seu perfil no Facebook.

Além de compartilhar muitas imagens de suas quase seis décadas de sacerdócio e de familiares e amigos, Achiles se diverte com publicações irreverentes sobre o Palmeiras, cuja torcida surgiu ainda nos tempos de seminário.

Fé no Palestra: palmeirense, monsenhor publica frequentemente posts relacionado ao seu time do coração

REFLEXÕES DE UM DECANO

Confira abaixo a palavra do monsenhor sobre alguns dos assuntos abordados durante a entrevista.


VISITA INESPERADA NA COPA DE 1950


TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO


MUDANÇAS PÓS-CONCÍLIO NA IGREJA


FÉ E POLÍTICA


PAPA FRANCISCO


VOCAÇÃO E AUTOCRÍTICA


PAIXÃO PALESTRINA


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