Transferências devem alterar rotina das sacristias de pelo menos cinco paróquias de Marília. Ex-vigário alvo de panfletagem anônima pode sair da zona sul para norte. Cônego recém associado a resort de luxo vai tirar ‘ano sabático’. Capelania católica leva conforto a pacientes de hospital, apesar de pandemia. Covid-19 faz 1ª vítima no atual presbitério diocesano
A Diocese de Marília deve anunciar nos próximos dias a circular anual de transferências e nomeações para 2022. O vai-e-vem do presbitério foi tratado na reunião do Conselho de Presbíteros, realizada na última terça-feira (4).
Segundo apurou o blog, pelo menos cinco das 19 paróquias de Marília terão mudança de comando em suas sacristias, além de outras localizadas dentro da jurisdição da diocese sediada na cidade.
As alterações devem ocorrer nas comunidades de Nossa Senhora de Guadalupe e Nossa Senhora de Fátima do Jóquei, ambas na Zona Sul; São Miguel Arcanjo e Sagrada Família, na Norte; e Nossa Senhora da Glória, no centro.
SEIS ANOS
Pelo menos três das transferências sacerdotais se darão pelo limite do período de estabilidade previsto no cânon 522 do Direito Canônico, cujo “tempo determinado” definido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é de seis anos.
São os casos do cônego João Carlos Batista, da Nossa Senhora de Guadalupe e dos padres Júlio Pereira de Souza Neto, da São Miguel, cujas permanências não devem ser renovadas, e de Antonio Padula, reitor do Santuário Nossa Senhora da Glória.
Ainda segundo informações obtidas pelo blog, o cônego José Carlos Dias Tóffoli, da Sagrada Família e o padre José Valdir Grisante, da Nossa Senhora de Fátima do Jóquei Clube, não continuam mais em suas comunidades, a pedido.
RESISTÊNCIA
Entre as transferências encaminhadas no conselho, é dada como certa a do cônego João Carlos Batista de um lado para o outro da cidade. No caso, da zona Sul para a Norte, com destino à Sagrada Família.
Segundo relato colhido pelo blog, a mudança foi a única a não encontrar unanimidade no conselho. A argumentação posta à mesa é de que o cônego tem a companhia da mãe já idosa, o que teria encaminhado a aprovação de sua transferência.
Outros padres consultados pelo blog afirmaram, no entanto, sob a condição de anonimato, que a resistência ao cônego se deu não por sua condição familiar, mas pelo silêncio do bispo em relação a supostos escândalos nos quais ele teria se envolvido.
Em fevereiro de 2019, por exemplo, o cônego foi alvo de uma panfletagem anônima na qual supostamente aparecia nu. Coincidência ou não, o padre acabou substituído de seu posto diocesano. O bispo, por sua vez, calou-se.
ANO SABÁTICO
Caso seja transferido à Sagrada Família, Batista substituirá outro cônego: José Carlos Dias Toffoli que, empossado em fevereiro de 2018, vai deixar a comunidade bem antes dos seis anos para cumprir um ‘ano sabático’.
A saída de Toffoli acontece após a divulgação, pelo site ‘O Antagonista’, de sua inclusão no grupo societário que controla um resort de luxo no Paraná através de uma holding sediada em Marília. As informações de registro da empresa são públicas.
Segundo apurou o blog, a reportagem teria como propósito principal atingir o irmão do padre, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, por conta de sua convivência com autoridades e empresários do ramo turístico de Ribeirão Claro (PR).
Procurado, o cônego preferiu não se manifestar.
DE SAÍDA
Enquanto isso, outros padres em Marília já estariam na contagem regressiva para a despedida. Entre eles, Júlio Pereira de Souza Neto, da São Miguel, cuja passagem pela comunidade foi marcada, por exemplo, pela reinauguração da igreja e finalização de um amplo e moderno salão social.
Empossado em janeiro de 2020 na Paróquia Nossa Senhora de Fátima do Jóquei Clube, na Zona Sul, o padre José Valdir Grisante é outro que está de saída. Quando chegou, encontrou uma comunidade ferida pelo escândalo da prisão do pároco anterior, Denismar Rodrigo André, acusado de armazenar material de pornografia infantil.
No Santuário Nossa Senhora da Glória, por sua vez, o reitor Antonio Padula também será transferido, segundo apurou o blog. Substituto do padre Roger Souza Rodrigues, enviado para estudos na Espanha, Padula reanimou a comunidade – em especial, para realização dos tradicionais acampamentos de jovens.
CAPELANIA
Ao tempo em que as paróquias retornam às atividades presenciais, a Diocese de Marília não interrompeu a atuação da Capelania nas unidades do Hospital das Clínicas – embora com o atendimento dos protocolos sanitários orientados pela Saúde e pela própria Igreja.
Doentes, familiares e funcionários são atendidos pelo padre Williams Roque de Brito, administrador paroquial de Santa Antonieta, na tarde das quartas-feiras e “sempre que necessário”, segundo informou o HC-Famema, por sua assessoria de imprensa. "Não há vínculo empregatício com a instituição. Portanto, não há remuneração", pontuou.
“A Capelania presta conforto no sofrimento das pessoas que estão doentes e àquelas que sofrem por participação de suas dores”, afirmou Brito. “O ser humano, para além de suas relações psicofísicas, tem uma dimensão espiritual que é inerente à sua existência”.
PRIMEIRA MORTE
A Covid-19 fez sua primeira vítima fatal no presbitério atual da Diocese de Marília. Foi sepultado na tarde desta quinta-feira (7), o padre Verissimo Mânfio, aos 89 anos. A benção exequial ocorreu em frente à matriz de Santo Antônio, em Adamantina (SP). O corpo foi mantido dentro do veículo funerário.
A pandemia encerrou um ministério sacerdotal de 58 anos, iniciado em 7 de julho de 1963. Padre Veríssimo foi a 136ª vítima da Covid-19 de Adamantina. A sua memória e a de todas as demais vidas ceifadas pela doença serão lembradas em um memorial em processo de instalação na cidade.
Ex-pároco da Paróquia Santa Isabel, o padre José Carlos Rodrigues foi sepultado em Marília, em dezembro de 2020, também vítima de Covid-19, aos 58 anos. Há pouco mais de um mês o Mosteiro Maria Imaculada de Marília perdeu sua fundadora, madre Marlene Inácia de Jesus Hóstia, aos 71 anos, por complicações provocadas pelo vírus.
Comments