NO CAMPO DA FÉ
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NO CAMPO DA FÉ

Atualizado: 13 de jul. de 2023

Do confronto entre a expectativa de mobilização à realidade da comunidade católica de Marília além das quatro linhas das estatísticas oficiais em dia de apresentação no Abreuzão. ‘Partida’ de Jesus foi vencida na cruz, exalta bispo. Clero sobe desfalcado ao gramado. Confira o ‘placar final’ da arrecadação de alimentos doados por fiéis

Olho no lance: comunidade católica ocupou apenas parte da área liberada para a celebração no estádio

Retomada em 2018, após quatro décadas de jejum, a procissão de Corpus Christi sobre tapetes ornamentados pelas ruas centrais recolocou Marília na vitrine da tradição católica entre as principais cidades do interior paulista.

A belíssima exibição se repetiria em 2019, mas seria interrompida, a exemplo de tantas outras manifestações públicas – artísticas, esportivas, culturais, etc – pelo confronto inesperado contra o vírus da Covid-19.

Três anos após 1.091 derrotas para a pandemia, mas diante de 562.761 doses de vitórias, confirmadas até esta sexta-feira (17), a adoração pública ao Santíssimo Sacramento voltou a campo, literalmente, na celebração da última quinta-feira (16).

PRELIMINAR

O espetáculo da fé levou meses de preparação. A começar pela escolha do palco: o estádio municipal “Bento de Abreu Sampaio Vidal”, o ‘Abreuzão’, concedido amistosamente pela prefeitura à Diocese de Marília.

Campo da fé: estádio voltou a ser ocupado por um evento da Igreja Católica após mais de duas décadas

A definição demandou, nesta quinta-feira (17), uma logística de trânsito semelhante à dos tempos em que o Marília Atlético Clube (MAC) ainda figurava entre os times de elite do futebol paulista.

O clima era de confronto contra clube grande da Série A-1: à medida que os fiéis entravam pelo portão principal do Abreuzão, já recebiam suas bandeirolas, cujas cores representavam as 19 paróquias da cidade.
Preliminar: de volta as ruas, tapetes foram decorados nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (16)

EXPECTATIVA

Instalado transversalmente em menos da metade sul do gramado, o palco da celebração ficou de frente para as únicas arquibancadas liberadas ao evento religioso: o antigo tobogã e a geral, conhecida como ‘Vale do Sol’.

'Casa cheia': pelo menos o antigo tobogã ficou lotado ainda na primeira hora da celebração de Corpus Christi
O público também teve acesso ao campo, onde pouco mais de três centenas de cadeiras foram reservadas para ministros extraordinários da Eucaristia e, preferencialmente, a idosos e pessoas com necessidades especiais.

Por ali também se acomodaram a banda e o grupo de canto. Bombeiros civis e profissionais de saúde ficaram a disposição para atendimentos. A expectativa da organização era da presença de um grande público no estádio municipal.


REALIDADE

De fato, o tobogã, cuja capacidade recém liberada pela Federação Paulista de Futebol (FPF) é para até 4.776 pessoas, ficaria lotado ainda na primeira hora da celebração. A soma da geral, no entanto, não passou de 300 fieis.

'Na marca da cal': público de Corpus Christi é semelhante ao de Jubileu realizado há 22 anos no Abreuzão

Cerca de outros mil permaneceram em frente ao palco, no gramado, e do lado de fora do alambrado, como que se estivessem em uma partida de futebol. Estima-se, extraoficialmente, que o estádio tenha recebido cerca de seis mil pessoas.

O número é semelhante – ou até menor – ao do público que a Diocese de Marília havia reunido, em 2000, no mesmo Abreuzão, por ocasião da celebração do Jubileu milenar do nascimento de Jesus Cristo.

ESTATÍSTICAS

Quase vinte e dois anos depois daquele 25 de novembro, o estádio municipal pode ter testemunhado, de novo, um fenômeno comum tanto no futebol quanto na religião nas últimas décadas: o rebaixamento.

Em relação à fé católica, no caso, a queda se refere ao número de fiéis, ainda que, por ocasião deste Corpus Christi, se leve em consideração as ausências decorrentes do aumento no número de casos de Covid-19 na cidade nas últimas semanas e o feriado prolongado.

Segundo o Censo Demográfico de 2010, o último divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as pessoas que se declaravam católicas em Marília eram 135.373 – 62,46% de 216.745 habitantes à época.

Fosse um só rebanho, esse contingente católico seria suficiente para lotar quase sete ‘Abreuzões’, cuja capacidade máxima é de 19,8 mil torcedores. O público de quinta (16) ocupou pouco mais de 50% do espaço liberado.

VITÓRIA DE CRISTO

Apesar da perda permanente de fiéis, a ser confirmada no Censo-2022, os que permanecem em Cristo são “vencedores”, segundo exaltou o bispo de Marília, dom Luiz Antonio Cipolini, em sua homilia na celebração desta quinta (16).

Sem perdedores: Bispo diocesano, dom Luiz Antonio Cipolini, exaltou vitória de Cristo sobre o mundo
“Nós estamos aqui num estádio onde muitas partidas são feitas. Alguns ganham, outros perdem. Mas, esta partida que Jesus jogou foi vencida por Ele na cruz”, comparou o bispo. “Jesus venceu o mundo. Por isso, também somos vencedores”.

Diferentemente de 2018 quando, também as vésperas das eleições presidenciais, o bispo afirmou que o país “não precisava de um outro Messias”, em clara referência ao candidato que seria eleito, a homilia ficou restrita ao evangelho do dia.



DESFALQUES

Além dos fiéis, as paróquias de Marília também foram representadas por seus párocos e diáconos na celebração de Corpus Christi. Mas, nem todos. A principal ausência foi a do bispo emérito, dom Osvaldo Giuntinni, devido à sua saúde fragilizada, aos 85 anos.

Fora de campo: bispo emérito, dom Osvaldo Giuntini, se ausentou de missa devido a cuidados com sua saúde

Condição semelhante a de outro decano da Diocese de Marília, o monsenhor Nivaldo Resstel. Aos 88 anos, o ex-padre-prefeito de Oriente (SP) foi acolhido há poucas semanas pela Congregação Jesus Sacerdote (CJS), em Marília.

Também por motivos de saúde não puderam comparecer os párocos Jorge Ricardo Cintra da Silva, da Nossa Senhora de Guadalupe, da Zona Sul e Rafael Octávio Garcia, da Maria Mãe da Igreja, da Norte.

O padre Jacinto Sebastião da Silva foi o único a presidir outra celebração nesta quinta (16), exclusiva para a comunidade do Distrito de Rosália. Ele perdeu sua mãe nesta sexta (17). O sepultamento ocorreu em Catanduva (SP).

Até a publicação desta postagem não havia sido justificada a ausência do padre Claudinei de Almeida Lima, vigário da Paróquia Santa Edwiges. Recém afastado, o padre Edson Luís Barbosa da Silva foi outra baixa do clero no altar.



PLACAR FINAL

O Conselho Central de Marília da Sociedade São Vicente de Paulo confirmou neste domingo (19) ao blog a quantidade de alimentos arrecadados durante a celebração do Corpus Christi no estádio municipal.

Os vicentinos somaram 2.110 quilos. Entre os itens recebidos estão açúcar, arroz, biscoitos, café, enlatados diversos, farinhas de trigo e de mandioca, feijão, fubá, leite, macarrão, sal, temperos e óleo.

Os produtos entregues pelos fieis foram contabilizados desde sexta (17) e passaram por triagem para verificação de validade antes de serem disponibilizados para distribuição a todas as 19 paróquias da cidade.

Os beneficiados com a campanha, cujo lema foi ‘Pão em todas as mesas’, serão as famílias já atendidas pelos vicentinos, além de outras que tenham sido afetadas pelos efeitos econômicos provocados pela pandemia.

TRANSMISSÃO AO VIVO

A celebração de Corpus Christi teve transmissão exclusiva pela página da Paróquia Sagrada Família no Facebook, feita pelo editor deste blog. Confira abaixo na íntegra.


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