Representatividade presbiteral diocesana mantém renovação de um terço sob episcopado de Cipolini. Formação 2024-2025 aumenta média de idade e tempo de ordenação à anterior. Apenas consultivo, ‘Grupo dos 13’ de padres da Cúria de Marília opina sobre criação de paróquias e impostos a desvios de colegas do clero
Pela sexta vez em dez anos do episcopado de dom Luiz Antonio Cipolini, completados em julho deste ano, a Diocese de Marília conheceu a nova formação do Conselho de Presbíteros para o biênio 2024-2025.
A escolha ocorreu na última terça-feira (12), na reunião geral do clero realizada na Casa Pastoral Diocesana Dom Osvaldo Giuntini, em Adamantina (SP), no centro da jurisdição da Igreja Particular de Marília.
Apesar da inclusão inédita de quatro padres entre os 13 que integram o conselho, a renovação se manteve na média de um terço sob o episcopado de Cipolini. A maioria do presbitério nunca foi escolhida ou sequer eleita.
Ao todo, apenas 35 padres passaram ou se revezaram em diferentes cargos no conselho na última década. O número corresponde a 39% dos atuais 89 sacerdotes – descontados os nove em uso de ordens.
QUEM CHEGA (OU VOLTA)
Dos seis novos integrantes, dois estão de volta: os padres Adriano dos Santos Andrade, futuro pároco da Paróquia Santa Edwiges, de Marília; e Ademilson Luiz Ferreira, pároco da São José, de Panorama (SP).
Andrade foi escolhido pelo clero, a exemplo de 2019. Ferreira está em sua 4ª participação. Foi membro eleito para 2014-2015 e coordenador de Pastoral Diocesana (2015 e 2016-2018) e vigário pastoral da região III (2020-2021).
Listados entre os decanos da Diocese de Marília, os padres Jacinto Sebastião da Silva, 65 anos Antonio Padula, 70 anos, participarão pela 1ª vez do conselho, assim como os colegas Luciano Pontes, 46 anos e Tiago Barbosa, 34.
Padre Jacinto é vigário paroquial da Santa Antonieta de Marília e Padula pároco de Nossa Senhora do Rosário, de Pompeia (SP). Luciano Pontes é pároco da São Judas Tadeu de Tupã (SP) e Tiago Barbosa, vigário paroquial de Santa Rita de Cássia, de Marília.
Na média, a nova formação do conselho de presbíteros é mais idosa – 52,5 anos, ante 48,6 – e com mais tempo de ordenação – 23 anos, ante 19,6 – na comparação à que integrou o biênio 2022-2023.
DE SAÍDA
Os padres indicados pessoalmente pelo bispo substituirão José Ribeiro da Silva, 68 anos, pároco da Santo Antonio, de Junqueirópolis (SP) e José Orandi da Silva, 61, pároco e reitor da Catedral Basílica Menor de São Bento.
Orandi, aliás, ficará fora do conselho de presbíteros pela 1ª vez sob o episcopado de Cipolini. Ele já foi vigário das regiões I (2019 e 2020-2021) e II (2014-2015) e indicado pelo bispo (2016-2018 e 2022-2023).
Os outros dois padres de saída do conselho agora se dedicam ao mestrado. Vigário da região I, o padre Anderson Perini é o novo administrador paroquial da Jesus Bom Pastor de Santo André (SP). Ele cursará sua pós-graduação em Teologia em São Paulo.
Padre mais votado por suas vezes seguidas (2021-2021 e 2022-2023) pelo clero, Marcelo Feltri já se transferiu-se da Paróquia São Pedro, de Paulicéia (SP) para a Espanha, onde se tornará mestre em Direito Canônico pela Faculdade San Vicente Ferrer.
DEMANDAS
Regido pelo Código de Direito Canônico e normatizado por estatuto próprio – o último é de 2015 – o Conselho de Presbíteros da Diocese de Marília é apenas consultivo. As reuniões acontecem, em média, a cada dois meses.
O bispo deve ouvir o conselho nos seguintes casos previstos no Direito Canônico:
Celebração do sínodo diocesano
Erguer, suprimir ou alterar paróquias
Remuneração dos padres
Constituição de conselhos pastorais paroquiais
Construção de novas igrejas
Reduzir uma igreja a uso “profano não sórdido”
Imposição de tributos a pessoas jurídicas públicas sujeitas à sua jurisdição
Remoção de padres com exposição de causa e motivos
Em seu estatuto, o conselho prevê sua atuação em:
Deliberações sobre a “vida, ministério, espiritualidade, atualização teológica e pastoral dos presbíteros da diocese”
Escrutínios dos candidatos às ordens sacras
O conselho ainda pode debater assuntos confidenciais, tais como:
Casos de assédio moral ou sexual no clero
Eventuais desvios de recursos paroquiais ou destinados a entidades vinculadas
Denúncias apresentadas por paroquianos ou organizações religiosas
Em todos os casos, a despeito da colegialidade presbiteral disponível, a palavra final é do bispo, que preside o conselho. É ele quem define a pauta, convoca as reuniões e pode substituir os membros a qualquer tempo.
DENÚNCIAS
Além do Conselho de Presbíteros, a Diocese de Marília dispõe de acessos específicos para apresentação de eventuais denúncias de crimes sexuais praticados por qualquer um de seus membros do clero.
Estas demandas devem ser enviadas à Comissão Diocesana para Tutela de Menores e Pessoas em Situação de Vulnerabilidade. Além da página no site da Diocese de Marília, os demais contatos são o e-mail comissaotutela@yahoo.com.br e o telefone (14) 3401-2360.
Se preferir, o denunciante pode comparecer pessoalmente à Cúria Diocesana na avenida Nelson Spielmann, 521. A Central de Polícia Judiciária (CPJ) fica na avenida Joaquim de Abreu Sampaio Vidal, 49.
Este blog também acolhe denúncias. Em maio de 2022, revelamos o caso de padres da Diocese de Assis (SP) acusados de suposto abuso sexual. Uma semana depois, dois sacerdotes foram afastados preventivamente. O contato é o (14) 9.8816-0630.
O trabalho jornalístico investigativo continua necessário para apuração de casos que, apesar dos acessos recém criados para denúncias aos fiéis, correm o risco de prescrever por acordos firmados nas escuridões dos gabinetes eclesiais.
POSSE
A nova formação do Conselho de Presbíteros foi empossada oficialmente em 27 de fevereiro de 2024, em encontro realizado no Centro de Convivência Monsenhor Afonso Hafner, em Tupã (SP).
Conforme reza o rito, todos os membros fizeram diante do bispo a profissão de fé e ainda o juramento de fidelidade quanto aos assuntos que são deliberados - dos corriqueiros aos mais sensíveis à igreja.
Também o Conselho de Consultores fez sua primeira reunião, segundo a Pascom diocesana, após nomeação de dom Luiz Antonio Cipolini. Dos seis membros, foram mantidos quatro: o vigário geral, Pe. Maurício Sevilha; os coordenadores Diocesano de Pastoral, Pe. Marcos Roberto da Silva e da Região Pastoral 1, Pe. Wagner Montoz e Pe. Rogério Lima Mendes.
Os padres Ademilson Luiz Ferreira e Rui Rodrigues da Silva passam a ocupar os lugares dos colegas José Orandi da Silva e Valdemar Cardoso. O Conselho de Consultores tem entre suas funções canônicas a nomeação do Ecônomo Diocesano, opinar sobre reformas e aquisições patrimoniais e eleger o administrador diocesano em caso de sede vacante.
Padre Padula, Padre Rui e Padre Afonso. Padre Rui participou do Cursilho, os outros dois não, mas nunca impediram que o movimento prosperasse. Quanto aos outros, não os conheço como também não conheço o Bispo Diocesano.